Não procuro definir-me com palavras, frases feitas, vídeos ou ações e nem me decifro através de imagens, jogos ou textos conhecidos de Vinicius de Moraes ou Charlie Chaplin.
Sou a imperfeição,um pouco de tudo.
O pior e o melhor defeito ou qualidade existente na humanidade hoje.
Tenho ódio, rancor, desamor, desapego, ciúme, gula e a soberba. Uma mistura de infinitas coisas que mesclam e que monta essa estrutura humana chamada ser humano.
Complexidade e paradoxo fazem parte de minha personalidade.
Revolta e indignação habitam e convivem comigo e marcam toda a minha trajetória.
Engolir sapo e “ser sempre boazinha” acaba comigo... ( oh coração de manteiga esse meu)
Acredito que seja a partir de tantos anos sofridos e calejados por esse mundo que resolvi escrever esse pequeno texto de desabafo.
O meu “eu” interior grita e suplica ser expresso, me pedindo desesperadamente um basta a tantas de minhas conclusões e reflexões sofridas e mantidas nas madrugadas solitárias e vazias.
Ah se tivesse acionado um bom advogado nessas tantas causas e sofrimentos por mim vividos... Já teria vencidos inúmeras, seja ela por danos morais, injuria e difamação. Quanto dinheiro já não teria ganho. Mas que me deixara dores incuráveis e sofrimentos nunca sentidos ou vivenciados. Sabe aquele alguém que te acusou de tentar acabar o casamento de seu amigo de faculdade.
Pois é, aquela dita situação nunca tirada a limpo hoje poderia render-me alguns “milzinhos de reais”, mas que eu por si só deixei pra lá, acreditando sempre na oração de São Francisco de Assis que diz que “pois é dando que se recebe e perdoando que se é perdoado.”
Bom, e a confiança e a lealdade como fica nessa história?
Não existe. Durante toda a minha vida tive provas que estes grandiosas e nobres sentimentos estão extintos na nossa sociedade. Perderam-se ao longo do tempo, assim como o referencial de família antes pregado e almejado desejo. Como por exemplo, minha família, que cedo se desestruturou. Convivi com meu pai até meus 07 anos e com minha mãe até os meus 21, idade com que me casei e mantenho esse matrimônio ate os dias atuais e desde então a vida tem me ensinado lições inesquecíveis.
Se os seus pais não mantêm a confiança, não se respeitam e nem tão pouco se compreendem. Como seus filhos saberão lidar com situações onde tais sentimentos serão exigidos para a resolução de conflitos?
O interessante que o male que mais me afligiu naquela época ainda sobrevivi até hoje nos dias atuais. A traição, falta de caráter, personalidade, ética e a falta de amor a uma instituição chamada família.
Cresci acreditando ainda nos contos de fadas, apostando em um casamento lindo e perfeito, sólido e verdadeiro, onde a cumplicidade fizesse morada em meu lar e o soberano a reinar seria a lealdade e a confiança.
Achei que o meu amor por si só bastasse, solidificando nosso respeito e a nossa motivação em renovar sempre esse amor a cada dia, nessa imensa jornada chamada casamento.
Mentira!! Bom, existem casos e casos, variáveis e incomparáveis.
Minha vida não é igual a do meu vizinho, sem mencionar que a criação familiar é um objeto para estudo e análise.
A verdade é que a decepção chega te joga no chão e te pedi perdão assim, na maior cara de pau, sem um pingo de bom senso e de caráter. Depois de tantas palavras ditas, ofensas proclamadas, integridade física e emocional ferida e denegrida nos momentos cruciais em que deveriam ser advogados de um para com o outro. Não nos restando outra saída a não ser perdoar, com o sem ressentimentos, pois existe feridas imperceptíveis que se mantêm viva em nossa memória.
Assim, dessa mesma maneira acontece com as amizades, apesar de ainda acreditar nessa palavra tão linda e tão preciosa jóia. Quem jogar na loteria da vida e for contemplado com uma terá um amigo verdadeiro pra vida toda e sorte tem quem acredita nela...
E quando me refiro a verdadeiro digo no sentido literal da palavra VERDADEIRO. Sabe aquele que se coloca no teu lugar, sente teus sentimentos, te liga e se preocupa com você. Que te tirou ou que te tira de enrascadas e que está sempre disponível pra ti ouvir seja em qualquer momento, seu psicólogo favorito.
Que te compreende e te ajuda, te chama atenção e te aconselha. Seu porto seguro, quando o mundo lá fora parece desabafar diante de você.
Pena que isso já não se vê mais. Hoje o que as impulsiona é o seu interesse, seu status e a troca de seus desejos. Não acredita? Pois acredite. Se coloque em uma situação extrema de pobreza ou de ignorância, sem qualquer tipo de influencia ou de beleza e tente imaginar essa realidade. Teria os mesmos amigos que possui hoje?
Claro que pra todo caso há exceções essas devidas exceções são as amizades quase inexistentes nos dias atuais. Pois é ainda acredito nisso... Nessa magia infinita que me motiva a acreditar e sonhar que vou encontrá-la, somando há algumas que já tenho.
E a religião? O que eu posso afirmar é que o meu bom coração não foi criado dentro de uma bela e grande congregação, com grandes lições e interpretações do evangelho.
Vivi a realidade da fome e da pobreza. Da falta de compaixão e amor paternal. Mas cresci com o coração quebrantado pelo amor verdadeiro ao próximo e a vida.
Não preciso de templo para as minhas orações e nem da bíblia debaixo do meu braço pra não esquecer-me das mais belas metáforas dos versículos. Cristo vive em mim e nas minhas ações.
Vamos dar um basta nesse falso moralismo que começa a imperar. “ Não diga isso..., não faça aquilo...” Sendo que a maioria dessas mesmas pessoas que dizem isso são as primeiras a comentar ou julgar seu vizinho, tirar proveito de algumas situações com seu poder de persuasão, retórica bem afinada de boa mocinha.
Critica o vizinho, tem preconceito quanto ao amigo negro ou gay, que freqüenta a umbada e é pobre.
Parece que uma música antiga que ainda faz sucesso na minha vitrola condiz com essa situação... “Não adianta ir pra igreja rezar e fazer tudo errado...”
Não vivo e nem quero viver de aparências, quero ainda acreditar nas pessoas e na amizade, apesar de tantas coisas ruins que elas de vez em quando nos trazem.
( Fabíola Freitas)