quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Caráter




Nosso caráter é o resultado da nossa conduta. (Aristóteles)

Fazendo um resumo encomendado a respeito das escolas filosóficas e a sua utilidade nos dias atuais, me remeti há algumas teorias que carrego comigo e alguns conceitos a respeito do estado comportamental de algumas pessoas e de que como estas costumam transformassem e reagir a determinandas situações ao longo do tempo.

Assim como os políticos em época de eleições, bonzinhos, moralistas, éticos e objetivos. Chapeuzinhos Vermelhos diante do lobo mau (oposição política ou governo), santa inocência!!. Sem mencionar a incrível biografia repassada por testemunho de familiares, amigos e conhecidos nas reuniões marcadas e realizadas nos fundos de alguns quintais de qualquer residência pertencente a qualquer comunidade carente ou rica desse imenso país. Um verdadeiro show de emoção, sensacionalismo e comoção geral. Algumas muitas vezes com show pirotécnico. É de se arregalar os olhos!Ohhhh!

No Brasil, eleição é negócio e o voto é a mercadoria mais valiosa da favela.
(Coronel Nascimento -Tropa de Elite 2)

Chegada a hora do veredito final, data marcada e contagem de votos iniciada. Horas depois sai o resultado. Se o objetivo foi alcançado, esqueça tudo o que presenciou. Se a reunião foi em sua casa, se você participou junto dessa campanha, das promessas que ouviu, das emoções juntos vividos e trabalhados para a realização desse sonho e que ficaram cravejadas em sua memória. O marketing reina e a humildade, gentileza e a amabilidade desaparecem em um passe de mágicas BUM...



Bom e é por isso que existem as classes menos favorecidas, mencionam essas “criaturas” (se é que posso chama-las assim).Sem elas o que seria da política? Da troca e compra dos votos? Da conquista e dominação (dinheiro x miséria). O pão e o circo ainda existe no cenários politico brasileiro. Sim, ainda existe o voto de cabresto em algumas regiões do nosso extenso Brasil. Verdade! Eu que o diga! 

Se o BOPE tratasse político corrupto como trata traficante, o Brasil seria uma país melhor. (Coronel Nascimento- Tropa de Elite 2)

Pra quê dar estudo pra este povo? Pra eles se libertarem? Pra denunciarem suas falcatruas, corrupções, ou bandidagem que rola solta? Pra concorrerem com eles mano a mano,  podendo até mesmo virarem “expert” nas "escolas" do senado, da câmara, da assembléia e até mesmo de nossos governos e prefeituras. Comparando essa mesma situação com o nosso cotidiano não se muda muito a moral dessa mesma história. Com personas iguais e reais a esses encontrados nas épocas eleitoreiras.

A única verdade é a realidade. (Aristóteles)
Aprendi isso da forma, mas real e cruel possível, vivendo a realidade e decepcionando-me justamente por acreditar ainda na humildade e na ética das pessoas. As pessoas se conrronpem com o sistema. Como diz o nosso ator brasileiro (Wagner Moura) do filme Tropa de Elite mais visto nos cinemas: - O sistema é foda!”.

Incrível como as pessoas mudam, perdem o foco, se deixam levar por uma “misera” gratificação, um salário de confiança, ou um trabalho temporário que possa lhe render um salário acima dos mil reais. Só isso? Costumo questionar-me, justamente por que roubam milhões do nosso sistema de saúde, da educação e agora até mesmo das rodovias.  Esse sálarios por eles ofertados são apenas “migalhas” para calar e conquistar aqueles que não tiveram na vida uma oportunidade como essa. De ganhar a vida com um salário bom e digno realizando assim sonhos e orgulhando de ser mais um trabalhador empregado nas estatisticas apresentadas por nossos telejornais diários.



Sendo que na realidade deveriamos fazer o inverso, nos envergonharmos de ganharmos ou trabalharmos para determinados políticos corruptos, ou ainda mais, trabalharmos mais não sermos cumplices, denunciando e não nos deixando corromper. Dando-lhes o exemplo a ser seguido, com respeito ao dinheiro público, com honra, gratidão e compromisso com nosso país que desde as épocas de Cabral vem sendo estorquido e roubado pelos ladrões que assolam nosso Brasil. 

Deputado Fraga, metade dos seus colegas aqui nessa casa deveriam estar na cadeia, metade é pouco deputado, aqui tem uns seis ou sete de FICHA LIMPA.
(Coronel Nascimento – Tropa de Elite 2)

As vezes é necessário criarmos filmes com heróis brasileiros para chamar-nos  atenção e   iniciarmos o combate a “sujeira” existente, mostrando claramente como anda a corrupção em nosso pais e como as pessoas cada dia se submetem a viver na bandidagem, sejam eles esclarecidos ou não.  Não precisamos de um Brad Pitt para a interpretação do papel principal, apenas de uma mensagem simples e clara, que possa ecoar e ser entendida pelo grande público alvo. Chega de tanta roubalheira! Chega de tanta miséria! E o que mais me apavora é saber que mais e mais pessoas todos os dias estão se vendendo ao “sistema”.

"Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder."( Abraham Lincoln)



Ps. Não sou nenhuma blogueira mercenária querendo estoquir algum humilde e inocente político, essa é apenas uma opinião minha que quero compartilhar no “Meu Cantinho”.

domingo, 25 de setembro de 2011

Tudo o que eu preciso.


Tudo o que eu preciso pra viver carrego sem ocupar as mãos.
Tudo o que eu preciso pra ser feliz não se transporta numa caixa, não se guarda numa na bolsa, nem pesa nos ombros.

Carrego comigo o que é possível pra me movimentar livre, nesse mundo tão cheio de coisas.
As coisas que eu carrego não têm peso, nem forma, nem volume.
São coisas que me alimentam sem que eu precise comer.

Que me locomovem sem que eu precise caminhar.
Que me alegram sem que eu precise comprar.
Carrego comigo a sabedoria herdada dos meus pais.

A dignidade conquistada com o meu trabalho.
As lições aprendidas na dor.
O amor dos meus afetos.
E a força da minha fé.

Com isso eu posso ir mais longe do que qualquer viajante carregado de bagagem.
Assim fica mais fácil viver e andar por aí.
Porque coisas ocupam espaços, atravancam caminhos, bloqueiam a visão.

As coisas que não cabem no coração, pesam nos braços.
Por isso eu carrego só coisas que caibam aqui, nos sonhos que eu inventei pra ser feliz.

(Lena Gino)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pássaro ou árvore?


Há momentos na vida em que somos pássaros.
Queremos voar, mas nossas asas são curtas e não nos permitem chegar além do horizonte.
O que podemos está sempre aquém do que desejamos.

Há momentos na vida em que temos longas asas. Podemos alçar extensos vôos, mas nossos limites são determinados pelo peso das bagagens que a vida nos dá.
São malas que atendem por diversos nomes: bom senso, juízo, medo.
Há os que se livram de seu peso e conseguem voar muito alto.
Alguns atingem destinos fantásticos; muitos conhecem o sabor do desastre.

Mas há momentos na vida em que deixamos de voar. 

É quando nos tornamos árvores, quando nos percebemos enraizados a terra, presos no espaço e no tempo.
Não nos damos conta desta mudança, que nos tira as asas e nos empresta galhos e ramos. 
Apenas descobrimos que somos assim.
Mas quando deixamos de procurar a luz, ou desistimos de cavar em busca de energia, paramos de crescer. 
Mas não há árvores assim.
As árvores perseguem seu destino, que é crescer e se alimentar.
Assim como há pássaros que só buscam voar.

Saber o momento do vôo ou o instante de se enraizar é a grande sabedoria humana.
Saber viver intensamente o momento de polinizar as flores, ou o momento de deixar ao vento e a chuva que espalhem nossas sementes, eis o destino da vida.

Se você é pássaro, voe em busca de seu sonho.
Se você se descobriu árvore, cresça o mais alto que puder e deixe a terra cuidar de suas sementes.
(Autor desconhecido)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Amor verdadeiro




Viver uma verdadeira experiência amorosa é um dos maiores prazeres da vida. Gostar é sentir com a alma, mas expressar os sentimentos depende das idéias de cada um.

Condicionamos o amor às nossas necessidades neuróticas e acabamos com ele. Vivemos uma vida tentando fazer com que os outros se responsabilizem pelas nossas necessidades enquanto nós nos abandonamos irresponsavelmente.

Queremos ser amados e não nos amamos, queremos ser compreendidos e não nos compreendemos, queremos o apoio dos outros e damos o nosso a eles.

Quando nos abandonamos, queremos achar alguém que venha a preencher o buraco que nós cavamos.
A insatisfação, o vazio interior se transformam na busca contínua de novos relacionamentos, cujos resultados frustrantes se repetirão.



"Cada um é o único responsável pelas suas próprias necessidades. Só quem se ama pode encontrar em sua vida um amor de verdade".

(Zíbia Gasparetto)

sábado, 17 de setembro de 2011

Casa arrumada



Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...


Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.


Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?


Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.


Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...


E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

(Lena Gino)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tempo



"Tudo neste mundo tem seu tempo;
Cada coisa tem sua ocasião.

Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
Tempo de derrubar e tempo de construir.

Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
Tempo de chorar e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
Tempo de abraçar e tempo de afastar.

Há tempo de procurar e tempo de perder;
Tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
Tempo de rasgar e tempo de remendar;
Tempo de ficar calado e tempo de falar.

Há tempo de amar e tempo de odiar;
Tempo de guerra e tempo de paz."

(Eclesiastes 3, 1-8)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Transformação pelo fogo


Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.

O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.
 
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo, o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo do que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.

Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.



(Texto de Rubem Alves)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônica do Amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.


Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

 


Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.


Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.



Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

 
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.




É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?



 
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim. 

 

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.




Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.



(Arnaldo Jabor)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Quero voltar a confiar!


Fui criado com princípios morais comuns: quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto.

Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades. Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade. Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror. Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.


Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto. Anistia para corruptos e sonegadores.

O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano.


Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser. Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?

Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança!



Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa.Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!

E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde exista amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe? Precisamos tentar. Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem. Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!



(Arnaldo Jabor)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cor

Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra. (Bob Marley)


Toda vez que imaginamos alguma pessoa linda ou bonita, logo nos vem os padrões estipulados pela sociedade a respeito da beleza. Aquela pessoa de pele clara e olhos claros, uma boa estatura e desenvoltura.

Para entendermos um pouco a respeito dessas questões que alienam nossa sociedade basta que estudemos um pouco da nossa história. Desde os primórdios, civilização e colonização. Quem foram os negros em meio de todos esses acontecimentos? Por que a cor da pele influencia tanto nestes padrões estabelecidos e impostos?

Os negros e índios eram os escravos. Eram as classes menos favorecidas e que prestavam mão de obra braçal. Resposta correta. E as colonizadores como eram? Eram mestiços? Como se comportavam diante dos negros e índios?


Eram grande parte da Europa, com pele alva e sensível ao sol e acreditavam serem superiores devido à organização de sua sociedade e de seu governo. Com esses conhecimentos passaram a impor a sua cultura a todos os povos colonizados. Escravizando e os manipulando de todas as formas possíveis. Consideravam-se superiores exatamente por ter o capital e a intelectualidade nas mãos. Imperava ali a monarquia como forma de governo, fazendo com que os “sangues nobres” não se misturassem com os plebeus. Os casamentos eram arranjados e selecionados, pagando-se dotes para a sua realização.
E o que mudou de lá pra cá? Você tem visto melhorias de nossa sociedade?

Ainda engatinhamos quanto à equiparação das questões raciais, mais o que eu gostaria de expor e debater são os padrões de beleza a qual estamos inseridos.  Amo a minha pele morena e me sinto agradável ao lado do meu marido de pele clara. Fico ainda mais feliz por mestiçar ainda mais a minha filha, que tem traços meus (roraimense) em conjunto com o meu esposo (paraense). Adoro pegar sol, admiro meus olhos pretos e a minha pele bronzeada. 

Orgulho-me da minha miscigenação e os meus cabelos ondulados. E ainda há quem se julgue superior a mim, justamente por ter a pele clara e os olhos claros. Fazer o quê? Enquanto houver pessoas assim, o preconceito sempre irá existir, pois não se ama alguém pela cor de sua pele, cor dos olhos, estatura, descendência ou religião, ama-se pelo o que ela é e o que  representa em sua vida. Não se constroi histórias de vida, em cima de mentiras, intrigas e traição.

O preconceito existe e cabe a você se libertar dele. Olhando para os comerciais com um olhar mais critico ou namorando um moreninho, ficando com branquinho e miscigenando o nosso povo. Fazendo com que o nosso país tenha a nossa “cara”. Agora se você ainda vive nos padrões antigos, quer que a sua descendência nórdica perdure, mude-se para a Europa, lá você terá a certeza da continuidade de sua origem e ainda alimentará mais o seu ego e o seu preconceito.

( Fabíola Belleza)

sábado, 3 de setembro de 2011

Estamos com fome de amor


Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.



Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.


Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.


Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.


Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".



Antes idiota que infeliz!

(Arnaldo Jabor)