Sou alguém que saiu do interior de Roraima, mas precisamente de Normandia para a capital para tentar a vida como muito dos brasileiros fazem nos processos de migração em busca de realização e concretização dos nossos sonhos. Tendo a vista à realidade em que vivíamos e pelo “ponta pé” na bunda que o nosso querido pai nos deu.
Tá certo que amores e paixões existem, mas trocar seus “sete” filhos, por alguém que você mantinha como amante e que jamais conviveu e constatou a veridicidade de tal amor é loucura! Assim como são as pessoas são as criaturas!
Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou..
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou..
(Alegria, alegria – Caetano Veloso)
Assim partimos nós, com varias idealizações do futuro na pouca bagagem a vida. Imagine-se agora vivendo essa mesma situação? Uma escadinha de filhos e um cartão salário como segurança de sua sobrevivência. Pois bem, sobrevivemos. Morando de favor de nas casas de parentes, lavando roupas sob encomenda, costurando roupas encomendadas, etc. nos virando nos trinta falando no linguajar propriamente dito.
Ser Mãe é assumir de Deus o dom da criação,
da doação e do amor incondicional.
Ser mãe é encarnar a divindade
na Terra. (Barbosa Filho)
Interessante é que todos os momentos que vivemos nunca vimos mamãe chorar, lamentar ou nos abandonar frente a qualquer dificuldade. Ao contrário sempre convivi com as suas palavras e testemunho de que não fizéssemos ou cometêssemos os seus mesmos erros.
Como é possível que,
sendo as criancinhas tão inteligentes,
a maioria das pessoas sejam tão tolas?
A educação deve ter algo a ver com isso!
Afetividade, amor, carinho, abraço são coisas que pouco recebi, pois sempre tínhamos que nos manter fortes, pois um simples ato desse tipo poderia desconcertar tudo aquilo que tentávamos manter, a fé de que dias melhores estariam por vir.
Convivíamos com a liberdade e o poder das escolhas. Ela nunca nos privou, mas nunca deixou de nos cobrar-nos responsabilidade. Sempre foi leal e franca frente à vida, as armadilhas e suas falsas verdades, principalmente com relação aos homens.
Os filhos tornam-se para os pais,
segundo a educação que recebem,
uma recompensa ou um castigo.
(J. Petit Senn)
Vencemos como poucas famílias vencem, sem a necessidade de roubar ou matar e nem muito menos de prostituirmos. Drogas, só ouvíamos falar nos noticiários, pois nunca entrou em nosso lar. Poderíamos ser filhos do tráfico ou da prostituição, pois fomos lançados a mercê do mundo sem nenhum grau de instrução de todos seus membros, inclusive minha mãe.
É na educação dos filhos que se
revelam as virtudes dos pais. (Coelho Neto)
Pai? Não conheço esse real significado na pratica e no convívio. Sou fã de minha “pãe”. Amo meu irmão magrinho, meu irmão com problemas psicológicos, minha irmã lésbica, minha irmã branca e loira, meu sobrinho negro, minha irmã cabocla. Isso mesmo! Somos a pura miscigenação de características e traços físicos distintos. E o que é mais importante o meu eterno amor a eles acima de todas as coisas terrenas, pois aprendi com a vida a amar verdadeiramente a todos eles, pois são parte de mim, do meu ser, continuidade de nossa história. Preconceito? Só sente e tem quem não o vivencia e o que nos diferencia de outras pessoas, pois nos amamos e nos respeitamos independente de nossa cor, características e escolhas. Somos sim “uma grande família”!.
Quem assume sua verdade age de acordo com os valores da vida, mesmo enfrentando o preconceito e pagando o preço de ser diferente, passa credibilidade, obtem respeito e se realiza.(Luiz Gasparetto)
Um comentário:
Querida Fabiola, com certeza VOCÊ é alguem... alguem muito especial, carinhosa, educada, sensivel, uma digna filha de Deus.
Sei do que fala e do que passou pois tambem sou de uma familia de 7 irmãos, do interior e que foi abandonada... mas tambem nós não nos perdemos, graças a Deus e a força que Ele deu a minha mãe...
Parabens e que Deus continue abençonando voce e sua familia.
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