segunda-feira, 3 de novembro de 2014
A Idade de Ser Feliz
Existe somente uma idade para a gente ser feliz
Somente uma época na vida de cada pessoa
Em que é possível sonhar e fazer planos
E ter energia bastante para realizá-los
A despeito de todas as dificuldades e obstáculos
Uma só idade para a gente se encantar com a vida
E viver apaixonadamente
E desfrutar tudo com toda intensidade
Sem medo nem culpa de sentir prazer
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida
à nossa própria imagem e semelhança
E sorrir e cantar e brincar e dançar
E vestir-se com todas as cores
E entregar-se a todos os amores
Experimentando a vida em todos os seus sabores
Sem preconceito ou pudor
Tempo de entusiasmo e de coragem
Em que todo desafio é mais um convite à luta
Que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo,de novo e de novo, e quantas vezes for preciso
Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
Chama-se presente,
E tem apenas a duração do instante que passa ...
Doce pássaro do aqui e agora
Que quando se dá por ele já partiu para nunca mais!
[Geraldo Eustáquio de Souza]
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Eu creio e você?
Interessante ver o que irá
acontecer dentro de poucos dias, com nosso país e estados. A língua e suas
metáforas pré-estabelecem suas emoções e ações. As façanhas políticas viram “jingles”
e suas autobiografias viram filmes hollywoodianos, com direito a trilha sonora,
cenas em câmera lenta, jogo de promessas infindáveis e apelo afetivo, ligado à
miséria e a pobreza.
A política tem impressionado e
envolvido cada vez mais a população, pois a cada personagem lançado e eleito,
surgem com o passar do tempo, outros e outros mais. Sejam eles pipoqueiros,
humoristas, esportistas, ambientalista, sindicalistas, radialista, etc. Que
desejando ou não irão decidir e votar na reformulação de nossas leis, ou até
mesmo na criação de outras. Criar projetos para resolução das problemáticas vivenciadas
pela população e fiscalização de verbas públicas e suas aplicabilidades. Ser
pontual e acima de tudo, prestar contar de suas condutas e de seu papel como
cidadão escolhido por grande parte seus conterrâneos.
Mas como sempre não investimos em
educação. Como grande parte de nossa população irá saber quais os papeis que
devem exercer nossos representantes? O que é um projeto? Como se faz e quem
pode fazê-lo? São perguntas primorosas e essenciais para exercer nossa
cidadania no ato do voto. Ao elegermos nossos representantes.
A corrupção virou moda e a compra
de votos a cada ano mostra a sua cara. E fica mais nítido o “voto de cabresto”,
onde a miséria parece existir para eleger e manter a corrupção. Sustentar os
ladrões de colarinho que persistem em uma política suja e nojenta. Da compra
parasidíaca de bens, a ostentação e a farra do dinheiro público. Atrelado a
população com baixo poder aquisito e aos seus subordinados, com cargos e
salários orbitantes, sem concurso ou autonomia de sobrevivência, vivendo a
margem da política e suas politicagens. Hoje denominados assessores.
Vivendo em plena era digital, mas
parece ainda não termos evoluído para eleger dignamente nossos representantes.
Não erradicamos o analfabetismo, mas votamos eletrônicamente. Grande parte das residências
já possuem um notebook ou computador, mas nosso transporte coletivo está
ultrapassado e não atende a demanda existente.
Vivemos em uma eterna ideologia
da mudança, na crença de valores e que tudo irá mudar repentinamente. Somos sonhadores
e não nos custar sonhar na MUDANÇA, dando espaço para que outros possam rever
as situações que continuam a vigorar e a repertir-se.
Diga sim ao NOVO! Que venha
outras pessoas, outras ideias e outras mudanças. Eu creio e você?
quinta-feira, 19 de junho de 2014
A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer.
Às vezes me flagro imaginando um homem
hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos: “Ela tem que
trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os
pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto,
pra lá e pra cá. Ela deve ser independente [...]
Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos:
“Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails
sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com
sapatos de salto, pra lá e pra cá.
Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio
salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma
viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de
imposto de renda.
Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não
precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e
malhar.
Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.”
Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte
dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta.
O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a
criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa
da maioria dos meninos, jovens homens, homens e velhos homens.
O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós?
Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a
estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa
independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da
minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me
arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu
pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado.
Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais
acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e
civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.
Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um
lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. Não nos
explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como
aconteceu com os meninos da nossa geração.
Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a
dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a
investir nosso dinheiro. Exatamente como aconteceu com os meninos da
nossa geração.
Mas, escuta, alguém lembrou de avisar os tais meninos que nós
seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que
nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós
iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter
saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para
encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?
Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa
bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos
esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã,
se pergunta “que raio de cara vai me querer?”.
“Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse
subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu
aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar
cuecas. Talvez…”
Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a
lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só
com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se
ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi
nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina.
O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante
para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer
pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é
nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu
colo e às vezes só vamos querer companhia pra um vinho? Que somos a
geração da parceria e não da dependência?
E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A
culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação
equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam
filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.
No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo
espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós
não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter
que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o
mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta.
[Ruth Manus]
Assinar:
Postagens (Atom)